História de Manaus

A História de Manaus, um município brasileiro da Região Norte do país, sendo capital do estado do Amazonas, tem suas origens voltadas a 1669. Na época das grandes explorações de países da Europa, começou a corrida por conquistas de novas terras. Em 1540, Francisco de Orellana, vindo do Peru, pretendia chegar a Espanha.
Ele descobriu um grande rio em sua viagem e o batizou de Rio Orellana. Ao ser atacado, na Foz do Rio Nhamundá, por uma tribo indígena de mulheres guerreiras, passou a chamá-lo de Rio Amazonas, em referência as amazonas gregas, também mulheres guerreiras. Antes de Orellana navegar por este rio, ele recebia o nome indígena de Amaru Mayu, ou "A Serpente Mãe do Mundo".
Relatos realizados pela expedição de Orellana, sobre a riqueza encontrada em áreas florestais e abundância de água, despertou interesse de portugueses, espanhóis, neerlandeses, ingleses e franceses. Por volta de 1600, começaram, portanto, as investidas europeias pela região.
Os portugueses tentam defender suas conquistas em terras amazônicas e, partindo de Pernambuco, atingiram a região do Amazonas por volta de 1616, lutando contra os franceses que haviam invadido o litoral do Maranhão.
Nesta mesma época, surge Belém, hoje capital do Pará, tendo como princípio o Forte do Presépio, também construído pelos portugueses para proteção do território contra invasões europeias. Toda a região Amazônica era comandada a partir de Belém, região conhecida como Grão-Pará. Devido a abrangência do local, uma área enorme, ficou impossível atender a população da área e manter a paz com os Índios, somente por meio do Pará.
Para combater, explorar e garantir o domínio português na região, foi criado em 1669 o Forte São José da Barra, na região hoje dominada pelo Amazonas. Em torno desse forte, nasceu o arraial que deu origem à Manaus. Em 3 de março de 1755, criou-se então a Capitania de São José do Rio Negro para atender as dificuldades e garantir a dominação portuguesa.
PRIMÓRDIOS
O período de povoação europeia na Amazônia inicia-se entre os anos de 1580 a 1640, época em que Portugal e Espanha permaneceram sob uma só coroa, tendo os portugueses penetrado no vale amazônico, sem desrespeito oficial aos interesses espanhóis. A ocupação do lugar onde se encontra hoje o município de Manaus foi demorada, devido aos interesses comerciais portugueses, que não viam na região a facilidade em obter grandes lucros a curto prazo, pois era de difícil acesso e era desconhecida a existência de riquezas (ouro e prata).
COLONIZAÇÃO EUROPÉIA
A história da colonização europeia na região de Manaus começou em 1669, com um forte em pedra e barro, com quatro canhões, guardando as cortinas. O Forte de São José da Barra do Rio Negro foi construído para garantir o domínio da coroa de Portugal na região, principalmente contra a invasão de holandeses, na época aquartelados onde hoje é o Suriname. O forte desempenhou sua missão durante 114 anos, tendo o seu primeiro comandante sido o capitão Angélico de Barros. A região onde está Manaus nem sempre pertenceu por direito a Portugal. Era parte integrante da Espanha, nos primeiros anos que sucederam ao descobrimento da América, mas foi ocupada e colonizada pelos portugueses. A 3 de junho de 1542 o Rio Negro foi descoberto por Francisco Orellana, que lhe pôs o nome. A região onde se encontrava o forte de São José da Barra do Rio Negro foi habitada primeiramente pelas tribos manaos, barés, banibas e passés, as quais ajudaram na construção do Forte e passaram a morar em palhoças humildes nas proximidades do Forte. A tribo dos manáos (na grafia antiga, atualmente mais conhecido como manaós), considerada orgulhosa pelos portugueses, negava-se a ser dominada e servir de mão-de-obra escrava e entrava em confronto com os habitantes do Forte. Essas lutas só terminaram quando os militares portugueses começaram a ligar-se aos manaos através de casamentos com as filhas dos Tuxauas, dando início, assim, à intensa miscigenação na região e dando origem aos caboclos. Um dos líderes dos manaós foi o indígena Ajuricaba, que se opôs à colonização dos portugueses e que, no entanto, apoiava os holandeses: Ajuricaba foi aprisionado e enviado ao Pará. Morreu em situação misteriosa no percurso da viagem.
Devido à colonização portuguesa, foi efetuado um trabalho de esquecimento ou tentativa de apagar os traços e obras históricas dos povos indígenas. Pode-se notar isso pela destruição do cemitério indígena, onde se encontra, atualmente, a Praça Dom Pedro e o Palácio Rio Branco. Quando o governador Eduardo Ribeiro remodelou a praça e mandou nivelar as ruas que a contornavam, grande números de igaçabas foi encontrado e atualmente não existe nenhum marco indicando a sua existência.
A população cresceu tanto que, para ajudar no Catecismo, em 1695 os missionários (carmelitas, jesuítas e franciscanos) resolveram erguer uma capela próxima ao forte de Nossa Senhora da Conceição, a padroeira da cidade.
A Carta Régia de 3 de março de 1755 criou a Capitania de São José do Rio Negro, com sede em Mariuá (atual Barcelos), mas o governador Manuel da Gama Lobo D'Almada, temendo invasões espanholas, passou a sede novamente para o Lugar da Barra em 1791, por se localizar na confluência dos rios Negro e Amazonas, que era um ponto estratégico.
O Lugar da Barra perdeu seu status político-administrativo sob influência de D. Francisco de Souza Coutinho, Capitão-Geral do Grão Pará, que iniciou campanha contra a mudança de sede, o que levou a ser desfeito o ato através da Carta Régia de 22 de agosto de 1798 e, em maio de 1799, a sede voltou a Barcelos. Em consequência da perda de seu status, tornou-se inevitável a decadência do Lugar da Barra. Em outubro de 1807, o governador da Capitania, José Joaquim Victório da Costa, deixou Barcelos, transferindo a administração da Capitania definitivamente ao Lugar da Barra.
A partir de 29 de março de 1808, o Lugar da Barra voltaria a ser sede da Capitania de São José do Rio Negro, após proposta de D. Marcos de Noronha Brito ao penúltimo governador Capitão de mar-e-guerra José Joaquim Victório da Costa. Através do decreto de 13 de novembro de 1832, o Lugar da Barra passou à categoria de Vila, já com a denominação de Vila de Manaus, nome que manteria até o dia 24 de outubro de 1848. Com a Lei 145 da Assembleia Provincial Paraense, adquiriu o nome de Cidade da Barra do Rio Negro, em vista de a vila ter assumido foros de cidade, cidade de Nossa Senhora da Conceição da Barra do Rio Negro. A 5 de setembro de 1850 foi criada a Província do Amazonas pela Lei Imperial nº 1592, tornando-se a Vila da Barra do Rio Negro. Foi seu primeiro presidente João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, nomeado em 27 de julho de 1851, que instalou oficialmente a nova unidade provincial a 1 de janeiro de 1852, com o que sua situação de atraso melhorou bastante. Foi criada a Biblioteca Pública e o primeiro jornal foi fundado em 5 de setembro. Entretanto, sua primeira edição só circulou a 3 de maio de 1851, já com o nome de "Estrela do Amazonas", de propriedade do cidadão Manuel da Silva Ramos. Tornaram-se, ambos, as bases do desenvolvimento da cultura local, junto ao teatro e escolas profissionais.
A 4 de setembro de 1856, pela Lei nº 68, já no decurso do segundo governo, de Herculano Ferreira Pena, a Assembleia Provincial Amazonense deu-lhe o nome de Cidade de Manaus, em homenagem à nação indígena manaós.
CABANAGEM
A Cabanagem foi um movimento político e um conflito social ocorrido entre 1835 e 1840 no Pará, envolvendo homens livres e pobres, sobretudo indígenas e mestiços que se insurgiram contra a elite política e tomaram o poder. A entrada da Comarca do Alto Amazonas (hoje Manaus, a qual foi o berço do manifesto na Amazônia Ocidental) na Cabanagem foi fundamental para o nascimento do atual estado do Amazonas. Durante o período da revolução, os cabanos da Comarca do Alto Amazonas desbravaram todo o espaço do estado onde houvesse um povoado, para assim conseguir um número maior de adeptos ao movimento, ocorrendo com isso uma integração das populações circunvizinhas e formando assim o estado.
O PERÍODO ÁUREO DA BORRACHA
No Rio de Janeiro, a República Federativa do Brasil foi proclamada em 15 de novembro de 1889, extinguindo-se o Império. A Província do Amazonas passou a ser o Estado do Amazonas, tendo como capital a Cidade de Manáos. A borracha, matéria-prima das indústrias mundiais, era cada vez mais requisitada e o Amazonas, como principal produtor, orientou sua economia para atender à crescente demanda. Intensificou-se o processo de migração para Manaus de nordestinos e brasileiros de outras regiões, bem como a imigração de ingleses, franceses, judeus, gregos, portugueses, italianos e espanhóis, gerando um crescimento demográfico que obrigou a cidade a passar por mudanças significativas.
Em 1892, iniciou-se o governo de Eduardo Ribeiro, que teve um papel importante na transformação da cidade, através da elaboração e execução de um plano para coordenar o seu crescimento. Esse período (1890-1910) é conhecido como fase áurea da borracha. A cidade ganhou o serviço de transporte coletivo de bondes elétricos, telefonia, eletricidade e água encanada, além de um porto flutuante, que passou a receber navios dos mais variados calados e de diversas bandeiras. A metrópole da borracha iniciou os anos de 1900 com uma população em torno de 20 mil habitantes, com ruas retas e longas, calçadas com granito e pedras de liós importadas de Portugal, praças e jardins bem cuidados, belas fontes e monumentos, um teatro suntuoso, hotéis, cassinos, estabelecimentos bancários, palacetes e todos os requintes de uma cidade moderna.
Na fase áurea da borracha, a cidade foi referência internacional das discussões sobre doenças tropicais, saneamento e saúde pública. A cidade realizou grandes ações em parceria com cientistas internacionais, como foi o caso da erradicação da febre amarela, em 1913. No início do século XX, as ações de saneamento estiveram praticamente restritas a Manaus. A situação mudou após a criação do Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural, que levou o saneamento para outras partes do Amazonas. A infraestrutura da época abrangia bases fixas de operação nas calhas dos principais rios e embarcações que percorriam as comunidades ribeirinhas. O auge do ciclo econômico transformou Manaus em uma cidade moderna, com as mesmas benfeitorias que chegavam ao Rio de Janeiro, a então capital federal. O desenvolvimento econômico proporcionou também grande circulação de ideias e permitiu o surgimento de um núcleo de médicos que estava a par das discussões científicas mais avançadas a respeito do combate às doenças tropicais. Atualmente, escolas de medicina tropical recém-criadas, como as de Londres e Liverpool, na Inglaterra, enviam missões frequentemente para Manaus.
Em 1910, Manáos ainda vivia a euforia dos preços altos da borracha, quando foi surpreendida pela fortíssima concorrência da borracha natural plantada e extraída dos seringais da Ásia, que invadiu vertiginosamente os mercados internacionais. Era o fim do domínio da exportação do produto dos seringais naturais da Amazônia (quase que exclusivamente gerada no Amazonas), deflagrando o início de uma lenta agonia econômica para a região.
O desempenho do comércio manauara tornou-se crítico e as importações de artigos de luxo e supérfluos caíram rapidamente. Manáos, abandonada por aqueles que podiam partir, mergulhou em profundo marasmo. Os edifícios e os diferentes serviços públicos entraram em estado de abandono.
HISTÓRIA ATUAL
Com a implantação da Zona Franca de Manaus na década de 1960, a cidade novamente ocupou lugar de destaque entre as mais ricas do Brasil e da América Latina. Ao lado de Cuiabá, capital de Mato Grosso, é a capital que mais cresceu economicamente nos últimos quarenta anos, fato explicado principalmente pela implantação e desenvolvimento da Zona Franca de Manaus, que também atraiu milhares de migrantes que ocuparam de forma desordenada a periferia da cidade.
É a trigésima cidade mais populosa da América, ficando atrás de cidades como Valência, Barranquilla, Toronto e Guaiaquil e superando Guadalajara, Córdova, Phoenix e Mérida. Em âmbito nacional, é o oitavo município brasileiro mais populoso, abrigando quase metade da população do estado. Manaus também está entre os cinco municípios com participação acima de 0,5% no PIB do país que mais crescem economicamente. É um polo atrativo de toda a região. Contudo, esse aumento populacional acarretou inúmeros problemas, como déficit habitacional, nos serviços de saúde e a infraestrutura urbana da cidade, principalmente com a ocupação irregular de leitos de rios e riachos situados em zona urbana. A ocupação irregular de leitos de rios, juntamente com a habitação, é hoje um dos principais problemas ambientais presentes na cidade. Ao longo de dezoito anos, foram desmatados 22 % da área verde urbana da cidade, mais de 9,6 mil hectares.
No âmbito do turismo, Manaus durante todo o ano recebe grandes quantidades de navios de cruzeiro, pois há acesso para transatlânticos através do rio Amazonas. As visitas de cruzeiros à cidade ocorrem por temporadas, em geral, entre os meses de outubro e abril de cada ano. Em média, Manaus recebe 23 navios por temporada. Os europeus são os que mais visitam a cidade pelos navios de cruzeiro, com destaque aos alemães. Os norte-americanos também respondem por uma parcela significativa dos turistas de navios de cruzeiro.
Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro (FGV/RJ), em parceria com a revista Você S/A, analisando 127 cidades do País, Manaus é a melhor cidade da Região Norte do Brasil para fazer carreira. As demais capitais da região, como Belém, Palmas e Porto Velho aparecem nas quatro últimas posições no ranking da Região Norte. No ranking nacional da pesquisa, a capital do Amazonas aparece em 22º lugar. O Código postal (CEP) de Manaus é 69000-000 e o DDD telefônico é 0929.
Manaus é servida pelo Aeroporto Internacional de Manaus, o mais movimentado aeroporto do Norte do país e o quinto mais movimentado do Brasil, recebendo anualmente 4,6 milhões de passageiros, além de ser o terceiro do Brasil em movimentação de cargas, números alcançados devido à criação da Zona Franca de Manaus, que continua a impulsionar a economia da cidade e de todo o estado, com altos índices de crescimento no faturamento, ano após ano. O faturamento do Polo Industrial de Manaus foi grandemente superado no ano de 2008, com 20,19% a mais que no ano de 2007.
A Escola Japonesa de Manaus, (Manaosu Nihonjin Gakko), uma escola internacional japonesa localizada na cidade de Manaus, foi criada originalmente para educar os filhos de empresários japoneses que trabalham na área da cidade. Em 2013, a escola abrigava vinte e sete alunos nipo-brasileiros (doze deles eram japoneses e quinze eram brasileiros, filhos de japoneses), entre seis aos quinze anos de idade. Atualmente a escola é aportada pelo Consulado Geral do Japão em Manaus.
ETIMOLOGIA
Fundada em 1669 a partir do forte de São José da Barra do Rio Negro, a sede da Capitania e a sede da Província foi estabelecida na margem esquerda do rio Negro.
A origem do nome da cidade provém da tribo dos manaós, habitante da região dos rios Negro e Solimões. A grafia antiga da cidade preservava o "O" e acentuava a vogal precedente: "Manáos". Na língua indígena, Manaus significa Mãe dos Deuses. No Século XIX a cidade chamava-se Barra do Rio Negro.
Ainda no passado, a palavra Manau era atribuída a uma das muitas tribos que habitaram o rio Negro. Os etnólogos afirmam que os índios Manau são de origem aruaque. Outras formas de se escrever o nome da cidade também foram utilizadas. Em 1862, na edição da tipografia escrita por Francisco José da Silva Ramos, o nome da cidade aparece com a grafia Manáus (acentuando a letra A e substituindo a letra O por U). Porém, na última página da tipografia, está grafado Manaos, nome comumente usado pelos habitantes da cidade e historiadores. Em uma manchete denominada Notizie Interessanti sulla Província delle Amazzoni – nel nord Del Brasile ("Notícias interessantes sobre a Província das Amazonas - no norte do Brasil"), editada em Roma, em 1882, o nome da cidade está grafado Manaos repetidas vezes. O nome atual da cidade, Manaus, só foi grafado pela primeira vez em 1908, na tipografia do escritor Bertino de Miranda.
FONTE: Wikipédia